Roteiro, montagem e locução: Magali Cabral _ Produção: Jorge Novais

 

Qual o significado e a importância dessas três letras que “pousaram” recentemente sobre o universo corporativo e que estão dando tanto o que falar? ESG, ou ASG, se traduzida para o português, é a abreviação de ambiental, social e governança. Cada uma dessas palavras traz uma bagagem de princípios de boas práticas que devem nortear a gestão das grandes empresas e de suas cadeias produtivas.

Para dizer que segue uma agenda ESG, a empresa precisa, no mínimo, estar comprometida com alguns princípios bem básicos da sustentabilidade. No campo ambiental, deve:

  • Fazer uso racional dos recursos naturais.
  • Preservar a biodiversidade.
  • Reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
  • Zerar desperdícios.
  • Buscar eficiência energética.
  • Tratar seus resíduos.

No social:

  • Melhorar condições e relações de trabalho.
  • Adotar políticas de inclusão e diversidade.
  • Promover treinamento e segurança dos funcionários.
  • Levar impactos positivos à comunidade onde atua.

E na governança:

  • Preservar a independência dos conselhos.
  • Adotar critérios de diversidade.
  • Promover condutas éticas e de anticorrupção nos negócios.
  • Prezar pela transparência fiscal.
  • Impedir casos de assédio, discriminação e preconceito.

O movimento ESG começou com uma provocação do então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, feita a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais. O termo foi cunhado logo em seguida, em uma publicação do Pacto Global das Nações Unidas e do Banco Mundial, de 2004, intitulada Who Cares Wins – ou, em português, Vence Quem se Importa.

Mas nem o setor financeiro, nem o mundo corporativo assimilaram o conceito para valer até que, em 2020, a maior gestora de fundos de investimentos do mundo, a BlackRock, mandou seu recado: as empresas não comprometidas com tais princípios estariam fadadas a ficar sem capital.

Dali em diante, as decisões de investimento passariam a considerar em suas análises de risco o comprometimento das empresas com a agenda ESG. Ao conceder crédito a uma organização envolvida, por exemplo, com desmatamento ilegal, ou que não se preocupe em adotar políticas antirracistas em seus estabelecimentos, o financiador assume o risco financeiro e de reputação do seu cliente.

O mesmo raciocínio vale para as empresas em relação aos seus fornecedores. No mundo ideal, toda a cadeia de valor tem de estar em dia com princípios do ESG. Quem não gostaria viver em um país mais bem-educado, com uma biodiversidade conservada, uma pirâmide social mais justa e um ambiente institucional seguro?

Para tirar o ESG do discurso e evitar o greenwashing, é preciso dar materialidade a essa agenda, ou seja, definir as ações que são mais relevantes para a empresa ou o setor e sempre traçar metas e indicadores para medir seus impactos no meio ambiente e na sociedade.

Mas essa materialidade é cheia de meandros e de entraves. A começar pela necessidade de tropicalizar o ESG, conceito importado do Hemisfério Norte, e adaptá-lo a uma realidade brasileira, que hoje está bem mais caótica do que se gostaria. É sobre o caminho da materialidade do E, do S e do G no Brasil que trata esta nova edição de P22_ON, realizada em parceria com a Global Reporting Initiative (GRI). Aqui você vai encontrar conteúdos sobre: – a importância do componente político na agenda ESG; – a formação de profissionais preparados para o novo tempo; – os temas mais prementes para a pauta ambiental no Brasil; – os prejuízos e as perdas de oportunidades que o País tem com as desigualdades no campo social; – a governança dentro e fora dos muros das empresas.

Boa leitura!

Fontes: Folha de S.Paulo e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds)