Dicionário – palavras e expressões usadas nesta edição
Acordo de Paris – Rege medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2 graus, preferencialmente em 1,5 grau, e reforçar a capacidade dos países de responder ao desafio em um contexto de desenvolvimento sustentável. O tratado foi negociado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Os países signatários, entre os quais o Brasil, se comprometeram a reduzir suas emissões por meio da NDC, Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês. Acesse o documento aqui.
Advocacy – Prática política efetuada por um indivíduo, uma organização ou um grupo de pressão, nas instituições do sistema político, com a finalidade influenciar a formulação de políticas e a alocação de recursos públicos. Pode incluir atividades como campanhas por meio da imprensa, promoção de eventos públicos, comissionamento e publicação de estudos, pesquisas e documentos para servir a seus objetivos.
Agenda 2030 – Lançada em 2015 pela ONU, propõe um plano de ação para as nações com vistas a atingir o desenvolvimento sustentável em um mundo pacífico, igualitário e justo. A partir dessa proposta, foram elaborados 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os ODS são integrados, indivisíveis e equilibram as dimensões econômica, social e ambiental.
Aliança pela Água – Articulação da sociedade civil criada em 2014 para enfrentamento da crise hídrica em São Paulo, com a proposta de construção de uma nova cultura de cuidado com a água.
Business as usual – Expressão em inglês para designar o cenário em que os negócios são tocados de modo costumeiro, sem inovação nem mudança.
Desperdício de água – Além do consumidor final, o sistema de distribuição de água no Brasil registra alto nível de desperdício: 38% da água tratada se perde antes de chegar às residências.
Economia circular – Economia regenerativa e restaurativa por princípio, segundo a Ellen MacArthur Foundation. Trata-se de uma alternativa ao modelo econômico “extrair, transformar, descartar”, que está atingindo seus limites físicos. Consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
Endowment – Doações geralmente administradas por uma corporação sem fins lucrativos, uma fundação de caridade ou uma fundação privada, incluindo instituições acadêmicas (por exemplo, universidades); culturais (museus, bibliotecas, teatros); organizações de serviços (hospitais, casas de repouso); e organizações religiosas. Na maioria das vezes, o ativo dotado é mantido intacto e somente a renda gerada por ele é consumida.
Escassez hídrica absoluta – Disponibilidade hídrica inferior a 500 m³ de água por pessoa por ano.
Estresse hídrico – Impossibilidade de atendimento das demandas humanas e ambientais por água, inclusive devido à baixa qualidade da água disponível. Conceito mais abrangente do que o de escassez hídrica.
Eventos extremos – Fenômenos caracterizados por secas e cheias intensas e ondas de calor e frio severas. Sua frequência, duração e intensidade recebem influência da mudança climática global.
Filantropia – Ato de ajudar o próximo, por meio de doações e ações de caridade. A palavra filantropia vem do grego philanthropia, traduzida como “amor ao homem” ou “amor à humanidade”. A filantropia pode ser praticada por indivíduos (filantropos), famílias, empresas ou entidades filantrópicas, com o propósito de propagar questões humanitárias e de interesse público, nos campos da saúde, do meio ambiente, da educação etc.
Investimento Social Privado (ISP) – Repasse voluntário de recursos privados, de forma planejada, monitorada e sistemática, para projetos sociais, ambientais, científicos e culturais de interesse público. Com isso, o ISP difere das ações de responsabilidade social e ambiental das empresas (que podem ser feitas em caráter mais pontual ou somente direcionadas a influenciar práticas e procedimentos internos às empresas); difere de ONGs, que precisam captar recursos (o ISP, em geral, usa recursos de empresas, pessoas físicas ou famílias mantenedoras); difere de negócios e investimentos que visam lucro; difere da filantropia (que pressupõe doação sem preocupação com monitoramento dos impactos); e difere do investimento público, posto que é privado.
Microcefalia – Malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, com diferentes origens, uma delas associada ao Zika vírus, uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
Mito da abundância de água – Muito disseminada, a ideia de que o Brasil é abundante em água não se sustenta, pois a distribuição de recursos hídricos é bastante desigual no território e grande parte da população sofre com o estresse hídrico. Leia mais na edição publicada pela Página22 em 2014, com a capa O mito da abundância vai por água abaixo. Um ano depois, a revista voltou à carga para relatar a intensificação do problema na edição A crise por trás da crise.
NDC – Contribuição Nacionalmente Determinada, na sigla em inglês. Cada signatário do Acordo de Paris apresentou sua contribuição para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Por meio da NDC, o Brasil se compromete a reduzir 37% das emissões até 2025 e 43% até 2030, tendo como base as emissões de 2005. Para isso, propôs restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares e aumentar a participação de bioenergia e de fontes renováveis em sua matriz energética.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, em setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. Os 17 ODS são os seguintes:
1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável
3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
4. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos
7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos
14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Rios voadores – Conhecidos também como “rios aéreos” ou massas de transposição de umidade. Nesse processo, as chuvas são produzidas pelas florestas e áreas úmidas. Estas lançam na atmosfera não só a umidade pela evapotranspiração, mas também os aerossóis, que têm a característica de agregar a umidade e proporcionar uma verdadeira máquina de fazer chuva, estendendo-se continente adentro por milhares de quilômetros. No caso da Floresta Amazônica, a umidade chega até a Bolívia, bate na Cordilheira dos Andes e retorna com abundantes chuvas para o centro do continente (mais neste artigo).
Tumblr – Plataforma de blogging na qual usuários podem publicar textos, imagens, vídeo, links, citações e áudio.
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Aprofunde-se! Dicas de leitura, material de consulta e vídeos…
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…sobre Investimento Social Privado:
Censo Gife
Pesquisa realizada desde 2001 com os associados do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, o Censo Gife fornece um panorama sobre estrutura, forma de atuação, estratégias e programas das empresas e dos institutos e fundações empresariais, familiares, independentes e comunitários que destinam recursos privados para projetos de finalidade pública. Acesse a versão mais recente, de 2016, publicada em 2017.
Pesquisa Bisc
A Pesquisa Bisc (Benchmarking do Investimento Social Corporativo), publicada pela Comunitas – organização da sociedade civil –, é realizada anualmente desde 2007 para acompanhar os investimentos sociais privados no Brasil. Todas as publicações estão disponíveis para download.
ISP & sociedade civil
Beyond Integrity, relatório produzido pela Charities Aid Foundation e pela London School of Economics and Political Science, provoca as empresas a ampliar o olhar sobre ISP e investir no fortalecimento da sociedade civil.
ISP Por
A série ISP Por é uma iniciativa do Gife voltada a debater o que o Investimento Social Privado pode fazer por temas ligados à sustentabilidade, como Cidades Sustentáveis, Equidade Racial, Mudança Climática e Água. Assista aqui ao vídeo e baixe as cartilhas sobre os temas.
Livros
Impacto na Encruzilhada – Inovação social, negócios de impacto e investimento social privado: caminhos e descaminhos é o mais recente livro de Fábio Deboni, gerente executivo do Instituto Sabin.
Suas duas obras anteriores sobre o tema foram Reflexões contemporâneas sobre investimento social privado (2017) e Investimento Social Privado no Brasil: tendências, desafios e potencialidades (2013).
Assista a entrevista em vídeo com o autor aqui.
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…sobre recursos hídricos:
Cidades pedindo água
Grandes cidades brasileiras estão em área de risco hídrico alto, como mostra novo relatório do World Resources Institute. Mas há como reverter a situação. Investir em infraestrutura natural, ou seja, na restauração florestal, melhora a qualidade da água que chega aos reservatórios, o que ajudaria os governos e as empresas a se prepararem para crises.
Alto retorno
Vital para as atividades econômicas, a segurança hídrica requer R$ 70 bilhões por ano para diminuir os riscos. Mas o investimento tem alto retorno: a cada R$ 1 investido em infraestrutura, mais de R$ 15 são obtidos em benefícios associados à manutenção dos diversos setores produtivos, informam pesquisadores da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Associação Brasileira de Limnologia (ABLimno). Saiba mais aqui e confira os infográficos:
Sistema compartilhado
O Sistema de Autoavaliação de Eficiência Hídrica (Saveh) é a plataforma pela qual a Ambev compartilha de forma gratuita com outras empresas o seu sistema de gestão hídrica, que ajudou na redução de mais de 50% do consumo de água da empresa nos últimos 15 anos. Com base em um autodiagnóstico, a ferramenta gera um plano de ação personalizado para cada empresa, buscando o aumento da eficiência e a diminuição de desperdícios.
A plataforma foi idealizada pela Ambev juntamente com a Fundação Avina, e tem como objetivo principal auxiliar pequenas e médias empresas que utilizam água no seu processo produtivo a reduzir o consumo de água, contribuindo para aumentar a segurança hídrica no País. Mais no vídeo:
Água em movimento
O Viva Água é um movimento da Fundação Grupo Boticário voltado à melhoria da qualidade e da disponibilidade de recursos hídricos. O primeiro passo é o desenvolvimento da bacia do Rio Miringuava, no Paraná, que nasce na Serra do Mar, corta a cidade de São José dos Pinhais e deságua no Rio Iguaçu. Assista ao vídeo:
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… sobre água e energia:
Renováveis, pra que te quero
Não são apenas as hidrelétricas que precisam de água. A retirada média de água para uso em usinas termoelétricas deve aumentar 18% até 2021. Essa é uma das conclusões do Manual de usos consuntivos da água no Brasil, publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA). O documento menciona ainda que em escala nacional, atualmente, o emprego de água por essas usinas já é superior à soma do usado para mineração mais para o abastecimento humano no meio rural. Estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) é citado como referência para a metodologia empregada para estimar a retirada e o consumo de água nas termoelétricas.
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…sobre clima:
Adaptação climática
Um campo no qual o ISP pode atuar fortemente é o da adaptação à mudança do clima. Este trabalho analisa o papel do setor privado e as opções de financiamento disponíveis para esse fim, além de fornecer subsídios técnicos sobre o tema. Informa sobre linhas de financiamento internacionais e nacionais ofertadas e mapeia fundos nacionais e internacionais voltados para adaptação no Brasil. Realizado no âmbito do Fórum Clima, do Instituto Ethos, o levantamento tem como base a premissa de que empresas com informações confiáveis e ferramentas para gestão de riscos podem tornar suas operações mais resilientes, além de aumentarem suas oportunidades de inovação, desenvolvimento de novos produtos e acesso a outros mercados.
Mudança do clima versus alimentos
Clima, água e alimentos: tudo relacionado. A janela de oportunidade está se fechando, alertam 107 cientistas de 52 países, autores do Relatório Especial do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sobre Mudança Climática e Terra (SRCCL). O relatório descreve os desafios que a mudança climática representa para a superfície terrestre. Caso as emissões não sejam controladas, uma crise alimentar estará próxima, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. O aumento das temperaturas também pode afetar o valor nutricional das culturas e reduzir significativamente o rendimento das culturas. Saiba mais aqui.
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… e sobre comunicação e disseminação:
Para além da Kombi
Como sair do “gueto” ambientalista e mobilizar as pessoas para a sustentabilidade foi o mote do debate promovido já em 2016 pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS). O encontro teve a participação de Ricardo Guimarães (Thymus Branding), Tom Moore (Mandalah), Mônica Gregori (Cause), Fernando Meirelles (cineasta) e Eduardo Giannetti (economista). Confira:
Ficção realista
A série Aruanas, uma coprodução da Maria Farinha Filmes e da Globo, disponível no Globoplay, traz a luta de uma ONG contra o império dos garimpos ilegais e a devastação da Floresta Amazônica. Reportagem do jornal El País comenta a relevância da temática no entretenimento como fator transformador e provocador de discussões e mudanças sociais. Na matéria, Estela Renner, diretora e autora de Aruanas, afirma como a ficção, nesse caso, caiu como uma luva nas atuais discussões ambientalistas, considerando que o Brasil é o país onde mais ativistas são assassinados, segundo a Global Witness. Deu no The Guardian também.
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