Roteiro: Magali Cabral / Locução: Cíntya Feitosa
A esta altura do campeonato, você já deve estar convencido que o planeta tem limites ambientais e que esses limites estão muito mais próximos do que se imaginava há até pouco tempo.
Mas, se ainda restam dúvidas, que tal algumas rosquinhas?
Lá em 2012, durante a Rio+20, a Oxfam (uma organização internacional que pensa soluções para o problema da desigualdade social no âmbito de um desenvolvimento sustentável) conseguiu colocar toda essa problemática socioambiental e econômica dentro de uma simples “rosquinha”.
Esse espaço vazio do meio é o local das privações e da miséria – ali não deve ter ninguém, nunca, ou não se estará respeitando os direitos humanos mais básicos.
Mas qual a utilidade da rosquinha?
Aqui, no teto, estão as questões ambientais: mudança do uso da terra, mudança climática, uso da água doce, perda de biodiversidade etc.
Na parte interna da rosquinha estão os elementos que satisfazem necessidades humanas: saúde, alimentação, água, educação etc.
Tanto as questões do teto como as da base podem ser, em boa parte, medidas e monitoradas.
Essas medidas para cada um dos indicadores mostram graficamente se estamos indo bem, ou nem tanto, ou se nem sequer existem dados para avaliar.
E do lado do teto ambiental, a rosquinha mostra os elementos cujos limites já estão sendo extrapolados, os que ainda têm alguma folga para avançar e outros para os quais ainda não existem medidas.
Quando a gente fala em inovação, geralmente vem à mente produtos cheios de tecnologia para facilitar a nossa vida, como smartphones e smart TV, ou serviços, como os aplicativos Uber e Waze, e Netflix.
Só que a inovação não está apenas no produto ou no serviço em si, mas também na forma como são feitos. E é justamente disso que trata o programa Inovação na Criação de Valor (ICV), desenvolvido pelo GVces.
A inovação também está nas relações das grandes empresas com seus fornecedores (cadeia de suprimentos), nas políticas e nas estratégias empresariais.
Ficou para trás aquela visão de que a missão das grandes empresas é gerar bens e serviços e, acima de tudo, maximizar lucros.
A partir dos anos 1980, as empresas começaram a perceber que precisavam pensar em responsabilidade social para com os públicos com quais se relacionavam por meio de suas atividades, os chamados stakeholders.
Hoje, para nos manter dentro da rosquinha, só isso não basta. Ser eficiente apenas… também não basta.
A inovação para a sustentabilidade tem de estar presente em cada uma das cadeias de valor de uma empresa, incluindo, a montante, fornecedores, subfornecedores, produtores, prestadores de serviços, e, a jusante, distribuidores e clientes finais.
Com isso, substitui-se a visão antiga da linearidade pela circularidade, ou seja, troca-se a lógica do “pega-faz-descarta” pela do “pede emprestado-usa-devolve”, a qual considera os limites da capacidade de suporte do planeta.
Você verá nesta edição de P22_ON que, para levar a inovação a todas as cadeias de valor de um negócio, é necessário promover o desenvolvimento de um ecossistema de inovação.
Essa perspectiva do ecossistema sugere que uma organização isolada não é capaz de enfrentar os desafios de inovação, ao contrário de uma organização que interage com parceiros a montante e a jusante de sua cadeia e conta com o suporte de pesquisadores, acadêmicos, financiadores, investidores, governos, entre outros atores. Cria-se assim um ambiente de apoio e amadurecimento capaz de transformar inovações em negócios e de criar valor para os stakeholders sem desrespeitar os limites da rosquinha.
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