Elaboração: Fernanda Macedo e Amália Safatle
Dicionário
Acidificação oceânica – A acidificação oceânica é a designação dada à diminuição do pH nos oceanos, significando aumento da acidez, causada pelo aumento do gás carbônico atmosférico, que se dissolve na água alterando o seu equilíbrio químico.
Business as usual (BaU) – Cenário em que os negócios são tocados de modo costumeiro, sem inovação nem mudança.
CO2e ou dióxido de carbono equivalente – O dióxido de carbono equivalente transforma em uma só unidade o potencial de aquecimento global de diversos gases de efeito estufa (GEE) além do dióxido de carbono (CO2), como metano (CH4), óxido nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6) e trifluoreto de nitrogênio (NF3). O gás metano, por exemplo, tem um potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o CO2 e, portanto, uma tonelada de CH4 equivale a 25 tCO2e.
Desinvestimento – É o oposto de um investimento. Significa livrar-se de ações, títulos ou fundos de investimento que são incompatíveis com a sustentabilidade, quer pela perspectiva social, quer pela ambiental. Investimentos em combustíveis fósseis são um risco para os investidores e para o planeta. Por isso, o desinvestimento é um convite a instituições para retirarem suas aplicações desse tipo de ativo. A organização 350.org cita que entre as muitas campanhas de desinvestimento de sucesso na história recente, a mais impactante veio à tona em torno da questão do apartheid sul-africano. Em meados da década de 1980, 155 campi de universidades dos Estados Unidos – incluindo alguns dos mais famosos no país – desinvestiram de empresas que faziam negócios na África do Sul. Além disso, 26 governos estaduais, 22 municípios e 90 cidades dos EUA retiraram seu dinheiro de multinacionais que faziam negócios naquele país. A campanha de desinvestimento sul africana ajudou a desestabilizar o governo do apartheid e a inaugurar uma era de maior comprometimento com democracia e igualdade. Fonte: adaptado de 350.org.
Economia verde – Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma, ou Unep, na sigla em inglês), é uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e em igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. Tem baixa intensidade de carbono, é eficiente no uso de recursos e socialmente inclusiva.
Ecotoxicidade – Efeitos tóxicos que produtos químicos lançados no meio ambiente podem ter sobre indivíduos, populações e comunidades de organismos.
Emissões de carbono – Expressão genérica que pressupõe a emissão de vários tipos de Gases de Efeito Estufa (GEE) que, para fins de inventário, são convertidos em seu “carbono equivalente”. Ver CO2e.
Emissões de escopo 1 – Escopo do inventário de emissões de GEE que reúne as emissões provenientes de fontes que pertencem ou são controladas pela organização. Por exemplo, as emissões de combustão em caldeiras, fornos ou veículos da empresa. As emissões de outras empresas que são controladas pela organização também entram neste escopo. Veja mais aqui.
Emissões de escopo 2 – O escopo 2 contabiliza as emissões de GEE provenientes do consumo de energia elétrica ou térmica pela empresa, seja ela comprada, seja trazida para dentro da organização. Veja mais aqui.
Emissões de escopo 3 – É o escopo que abrange emissões indiretas que são uma consequência das atividades da empresa, mas ocorrem em fontes que não pertencem a ela ou não são controladas por ela. Alguns exemplos de atividades de escopo 3 são as emissões provenientes da extração e produção de matérias-primas e outros materiais ou o transporte de colaboradores no trajeto casa-trabalho. Veja mais aqui.
Eutrofização – Fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema, causando desequilíbrio ecológico.
Externalidades – Reflexos negativos ou positivos de uma atividade que são sentidos por aqueles que pouco ou nada contribuíram para gerá-los.
Greenwashing – É a tentativa de uma organização de fazer suas atividades ambientais soarem melhores ou maiores do que realmente são ou usar uma linguagem confusa ou sem significado e conteúdo. Confira na página 4 deste guia em inglês como evitar a prática.
INDC ou Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida – É a contribuição voluntária para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) apresentada pelos países na COP de Paris, em 2015.
Mensuração – É a quantificação das emissões de GEE provenientes de uma atividade emissora, fonte de emissão ou de um conjunto de fontes de emissão. É possível realizar a mensuração das emissões em diversas esferas, como países, estados, municípios, organizações, unidades, processos produtivos, produtos, equipamentos etc.
MRV – É a sigla para mensurar, relatar e verificar. Esses três verbos fazem referência a um conjunto de ferramentas que deve ser usado para (1) identificar as fontes de emissão de GEE e medir sua quantidade (“M” de mensuração); (2) informar essa quantidade por meio de inventários que sigam um padrão compreendido em todo o mundo (“R” de relato); e (3) atestar a veracidade dessa informação (“V” de verificação). Para isso é necessário o envio de documentos que comprovem as emissões de GEE, uma verificação por terceira parte, laudos de monitoramento de emissões etc.
Pegada de carbono – É um subconjunto da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), pois considera apenas a categoria de mudanças climáticas na avaliação de impactos do produto.
Pensamento de Ciclo de Vida – Um modo de pensar que considera implicações do “berço ao túmulo”, ou seja, de todo o ciclo de vida do produto. O ciclo de vida corresponde ao conjunto de etapas necessárias para que um produto cumpra sua função – que vão desde a obtenção dos recursos naturais até seu destino final, após o cumprimento da função.
Relato ou disclosure – Trata-se da comunicação dada às emissões de GEE que foram mensuradas, ou seja, aos inventários de emissões.
Resiliência – Qualidade de um determinado sistema de recuperar o equilíbrio após ter sofrido uma perturbação.
Verificação – São os procedimentos para verificar as informações relatadas no inventário de emissões de GEE. O objetivo da verificação é garantir a confiabilidade das informações.
Dicas de vídeos, leituras e materiais de referência
Vídeos:
- Nesta palestra no TED, Leyla Acaroglu aborda alguns “folclores ambientais” tomando por base o exemplo da sacola plástica versus a de papel, analisando todo seu ciclo de vida.
- Trailer do filme Ice and the Sky, que conta a história de um homem que encontrou seu destino na Antártida e conquistou o prêmio internacional mais importante das ciências ambientais. Esteve em cartaz na 5a Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, em 2016.
- Veja aqui a experiência da empresa Gore-Tex, que, com base em um estudo de ACV, desenvolveu um projeto de produção de uma jaqueta mais durável com menor impacto ambiental.
- Este vídeo mostra a ACV do carro híbrido Prius, lançado pela Toyota. Ele busca reduzir o impacto ambiental e, especialmente, a pegada de carbono com mudanças que vão do design do produto até a sua fabricação, uso e reciclagem.
- Do que precisamos para alcançar algumas das metas do Acordo de Paris? Este vídeo mostra os motivos.
- Este vídeo apresenta a iniciativa GHG Protocol, enquanto este outro mostra a aplicação do método em produtos.
Estudos:
- Estes relatórios de 2014 e 2015 exploram como países em todos os níveis de renda podem ter um melhor crescimento econômico e um clima mais equilibrado.
- Uma pesquisa do think tank americano Pew Research Center ouviu 45.435 pessoas em 40 países e concluiu que a mudança climática é o maior motivo de apreensão no mundo, se comparada a outras ameaças com reflexos na ordem global. Novas pesquisas têm confirmado esse resultado.
- O estudo The Carbon Footprint of Textiles mostra a pegada de carbono associada à fabricação de produtos têxteis em uma cadeia espalhada ao redor do mundo.
- O estudo Product Sustainability Information, State of Play and Way Forward, elaborado pelo Pnuma, fez um levantamento sobre cerca de 600 ferramentas que visam prover informações sobre a sustentabilidade de produtos para o consumidor e seus desafios.
- Este guia traz os “10 passos para uma efetiva comunicação sobre carbono” (Carbon Clear’s 10 Step Guide to Effective Carbon Communications).
- A publicação Environmental Labels and Declarations: How ISO standards help? reúne as contribuições da norma ISO para a questão da rotulagem de produtos para informações ambientais.
- O relatório divulgado pela Rainforest Action Network (RAN ), BankTrack, Sierra Club e Oil Change International indica que o financiamento aos combustíveis fósseis pelos maiores bancos do mundo, desde o acordo climático de Paris, manteve-se e é ainda muito alto.
- A pesquisa Global Sustainable Investment Review registra que o percentual de investimentos realizados com critérios de sustentabilidade chegou a representar US$ 21,4 trilhões, ou 30,2% do total de ativos geridos nos mercados da Europa, Estados Unidos, Canadá, Ásia, Japão, Austrália e África, em 2014.
- O estudo Sustainable Stock Exchanges – Real obstacles, real opportunities identificou que hoje já existem mais de 50 índices de sustentabilidade em bolsas de valores pelo mundo.
- A publicação Compras Sustentáveis e Grandes Eventos, do FGVces, mostra que a opção por este tipo de compras em eventos como as Olimpíadas e Copa do Mundo pode ser uma ferramenta poderosa no desenho das políticas nacionais de mudança do clima.
Outras dicas:
- Este quiz produzido pela Levi’s ajuda seus clientes a saberem o quanto de água eles gastam ao usar uma calça jeans e como reduzir esse consumo.
- O site Buy Me Once indica produtos com atributos ambientais, longa durabilidade ou garantia vitalícia.
- Confira a mudança climática em gráficos do IPCC.
- Veja aqui como a agricultura é capaz de mudar o clima do planeta, de acordo com a Food Matters.
- Veja o anúncio do Rockefeller Brothers Fund, que deixará de investir no mercado de petróleo e carvão e passará a apostar na economia verde.
- A empresa de alimentos Bare Chiken divulgou neste link o compromisso de redução da pegada de carbono de seus produtos e um infográfico sobre seu ciclo de vida.
- Conheça a campanha de desinvestimento em combustíveis fósseis coordenada pelas organizações 350.org e Divest-Invest.
- O governo de Santa Catarina realizou inventários de emissão de GEE em todas as suas secretarias.
- O International Carbon Action Partnership (Icap) é um fórum internacional que faz uma “ponte” entre países, ou mesmo entre jurisdições subnacionais, com sistemas de comércio de emissões de carbono.
- O Climate Data Explorer (Cait) é um sistema criado pela World Resources Institute (WRI) que compila desde dados de emissão de GEE até a INDC de todos.
- A CAN International é uma rede de mais de mil organizações não governamentais que têm como objetivo qualificar o debate internacional sobre o tema da gestão das emissões.
- A iniciativa We Mean Business é uma coalizão de empresas e representantes do setor privado que atua na articulação e engajamento para agendas relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono.
- Breve explicação sobre as coalizões de países ou blocos de negociação para as mudanças climáticas.
- Confira o glossário de Avaliação de Ciclo de Vida, feito pela ABCV e pela Fundação Espaço Eco.
Alguns métodos para contabilização de Pegada de Carbono:
- PAS 2050:2011 – Specification for the assessment of the life cycle greenhouse gas emissions of goods and services
- ISO/TS 14067:2013 Greenhouse gases – Carbon footprint of products – Requirements and guidelines for quantification and communication